quarta-feira, 14 de novembro de 2012

OS ERROS DO COSTUME.....DITAM NOVO FRACASSO


Foi uma equipa com muita atitude e enorme personalidade aquela que entrou esta manhã no Nimibutr Stadium. Com a novidade da manutenção de André Sousa na baliza, apesar de João Benedito já ter cumprido o jogo de castigo, o jogo não poderia ter começado melhor para Portugal com um golo de Ricardinho logo aos 1’02’’.

O “mágico”, que neste Mundial tem mostrou um sentido colectivo muito forte, abriu verdadeiramente o “livro” frente aos transalpinos, e aos 10’53’’ assinou o 2-0, com um pontapé acrobático pleno de oportunidade a aproveitar um ressalto resultante de um forte remate de Arnaldo.
E se parecia impossível sonhar com mais, bastaram oito segundos para numa arrancada de Cardinal pela esquerda, este assistir Ricardinho que não enjeitaria a oportunidade de fazer o «hat-trick».
Portugal estava por cima do jogo mas logo passaria por uma situação de dificuldade, com a expulsão escusada de Cardinal, que depois de ter sido advertido com um primeiro amarelo num lance algo forçado, cometeu a infantilidade de impedir de forma grosseira a progressão de um italiano ainda no seu meio-campo ofensivo e viu Renata Leite dar-lhe o segundo cartão.

Jorge Braz apostou na entrada de Djo para defender o 3x4 e os jogadores lusos corresponderam de forma brilhante com André Sousa a mostrar as razões da confiança do seleccionador e a dar uma prova cabal da qualidade dos guarda-redes portugueses. Até ao final da primeira parte o resultado não se alteraria, com destaque negativo para o cartão amarelo a Ricardinho, bem mostrado por Renata Leite depois de o jogador do Nagoya Oceans ter impedido um atacante italiano de avançar no terreno, no seguimento de uma tentativa de 1x1 falhada pelo nosso 10.

Segundo tempo a começar mal para Portugal, com Gonçalo a travar em falta a rotação do pivot italiano já dentro dos 6 metros portugueses, originando um pontapé da marca de grande penalidade contra a formação lusa. Chamado a converter, Saad Assis não falhou e bateu Bébé que entrou apenas para tentar defender o castigo máximo.

Ainda assim, Portugal procurou, ao contrário de outros jogos, agir em vez de se limitar a reagir e pressionou bem alto os italianos, o que originou perdas de bola em zonas perigosas por parte dos transalpinos e alguns lances em que os comandados de Jorge Braz estiveram muito perto do quarto golo. Aos 2’58’’ Ricardinho tentou o chapéu a Mammarella, mas um defensor italiano conseguiu salvar em cima da linha. Um minuto depois, num lance de 2x1, Arnaldo, em posição privilegiada, rematou contra o guardião «azzurro».

Aos 5’ a Selecção Nacional beneficiou de nova grande oportunidade, com um duplo atraso dos italianos a valer um pontapé-livre indirecto em cima da linha dos 6 metros. Ricardinho procurou alvejar as redes de Mammarella mas Ercolessi conseguiu impedir o golo com um corte de cabeça.
Em termos defensivos, Portugal mostrava-se irrepreensível, a limitar muito a construção organizada dos italianos, que só conseguiam aproximar-se da baliza de André Sousa com remates exteriores ou em situações de estratégia.

O passar dos minutos levou a algum crescendo italiano, que foi tendo sempre a oposição do guarda-redes do Operário, com uma prestação de completo sonho no jogo desta quarta-feira.
A 7’01’’ do final enorme oportunidade para Portugal com roubo de bola de Paulinho, que partiu em velocidade apenas com o guarda-redes pela frente, mas aproximou-se demasiado de Mammarella que fechou bem a baliza na hora do remate do jogador do Sporting.

A 5’31’’ erro do árbitro checo Karel Henych, que perdoou um cartão vermelho a Alex Merlim, que num lance dividido atingiu Gonçalo Alves com uma cotovelada na face.
A 5’12’’ lance absolutamente caricato no banco italiano, com a expulsão do Seleccionador Roberto Menichelli no início de um tempo morto, alegadamente por palavras. O técnico ignorou por completo a ordem de expulsão, fazendo-se de desentendido e continuando a dar instruções tácticas quanto à entrada do guarda-redes volante sem que nenhum responsável da FIFA tomasse qualquer atitude. No final do tempo morto, Menichelli dirigiu-se então para a bancada.

Já com como 5º elemento, Fortino falhou uma grande oportunidade isolado na ala direita, rematando ao lado. Portugal, à semelhança do que já aconteceu frente ao Japão, voltou a consentir o 5x4 do adversário, recuando para a zona dos 10 metros.
A 2’28’’ surgiria 3-2 para a Itália, através de Gabriel Lima, facto que levou Jorge Braz a pedir de imediato o seu tempo morto.

Os corações batiam cada vez mais forte e os lances de perigo iam-se sucedendo junto da baliza de Portugal, com André Sousa mais uma vez a ser enorme e estando perto de marcar a apenas 59’’.
O balde de água fria chegaria a 46’’ do final, com Rodolfo Fortino a empatar a partida, novamente numa desconcentração defensiva dos portugueses a defender 4x5, que levaria o jogo para prolongamento.

A primeira parte do tempo extra começou com sinal mais dos italianos, que aos 42’, através de Honorio, completaram a reviravolta. Em défice animíco, Portugal tentava reagir, mas nem com a introdução de Gonçalo Alves como guarda-redes volante a equipa voltava a ter a acutilância do primeiro tempo e deixava-se enervar pela relutância da equipa de arbitragem em assinalar a 5ª falta aos italianos.

A derradeira etapa do jogo iniciaria praticamente com a expulsão de Jorge Braz , também por palavras e por uma entrada de Portugal mais pressionante, com as linhas defensivas bem subidas.
A 3’03’’ do final defesa incompleta de Mammarella a um remate exterior de Ricardinho que Nandinho, à boca da baliza não conseguiu emendar com sucesso, fazendo a bola passar a centímetros do poste esquerdo dos transalpinos.

A aproximação do término do jogo mostrava um Portugal mais acutilante, que a experiência dos italianos tratou de desacelerar com uma simulação de lesão por parte de Vampeta.
Portugal não teve o discernimento necessário para conseguir chegar ao golo nos dois minutos que faltavam até final, sendo mais uma vez derrotado pela Itália e prosseguindo o seu fado de não vencer a formação transalpina.

O resultado final foi, mais uma vez, a soma de erros costumeiros depois de nova primeira parte brilhante da equipa portuguesa. À semelhança do que aconteceu com o Japão, a equipa lusa mostrou grande desconforto – posicional e emocional - com a introdução do guarda-redes volante por parte do adversário. Poder-se-ia esperar que a equipa lusa, consciente das suas dificuldades nessa situação, procurasse subir as linhas e impedisse a construção organizada dos italianos nesse sentido, mas Jorge Braz optou por esperar pelo erro dos transalpinos, cuja maturidade foi decisiva no desenlace do encontro.

Os objectivos para este Mundial, definidos à partida para a Tailândia, foram cumpridos mas fica novamente a sensação de que se esteve a um pequeno passo de ir mais longe. O passo que poderá chegar com o cumprimento com sucesso do Plano Estratégico do Futsal e a criação de uma geração com desafios mais competitivos e mais regulares, mais habituada a lidar com a pressão e o desgaste emocional deste tipo de jogos. Isto se se resistir à tentação de culpar forças externas por esta eliminação e se compreenda que aquilo que fazemos é reflexo do que somos e que depende de todos nós, quando unidos e focados num objectivo claro, fazer com que voos mais altos sejam uma inevitabilidade.

fonte: 5x4

Sem comentários: